domingo, 2 de maio de 2010

Sobre o celibato clerical

Estive pensando...
Como uma instituição que prega o amor ao próximo acima de tudo, que ensina a formar famílias e a ampará-las castiga firmemente seus seguidores mais fiéis exatamente por o fazerem?!
O meu intuito não é denegrir a imagem da Igreja Católica, pelo contrário, sou sua freqüentadora e acredito plenamente em todos os seus mistérios. O que eu não aceito, porém, são as heranças vergonhosas de um passado no qual, todos sabemos, esta instituição visava inteiramente o lucro e era tão gananciosa como qualquer ladrão possa ser.
Padres já cobraram para perdoar pecados, já venderam muitas “vagas no céu” e já perseguiram as minorias na Inquisição, tudo isto faz parte de um passado de erros, mas do passado. São fatos que não mais se repetirão. Mas e agora? Finalmente tudo se ajeitou?
Vemos que não. Basta pararmos um segundo para assistir ao jornal para que apareça algum caso de padre pedófilo, ou que teve relações com mulheres e até com homens, ignorando seu voto de castidade.
Ora, apesar de o celibato ser bastante respeitado em toda a doutrina cristã devido a pureza de espírito de alguém que, voluntariamente, opta por dedicar sua vida inteiramente a Deus e à oração, como ainda neste século as pessoas podem acreditar que todo e qualquer ser humano que resolva seguir uma vida religiosa torne-se de forma instantânea capaz de honrar tal voto?
Por que um padre pedófilo é diferente de qualquer outro cidadão pedófilo? Não sofreriam os dois de um mesmo distúrbio?
E, por mais que quebrar um voto seja algo inadmissível, não seria inadmissível também exigir destes homens uma promessa que bate tão de frente com seus instintos naturais como condição fundamental para que possam se dedicar ao sacerdócio?
Gostaria de saber a justificativa para manter um voto que só afasta, cada vez mais, as pessoas da Igreja e gera, dia após dia, padres traidores.
Deveria caber a cada um a opção de ser ou não casado, de se envolver ou não em algum relacionamento, de ter ou não ter filhos.
Afinal, quantos homens de fé, totalmente voltados à caridade têm suas próprias famílias? Garanto que muitos deles, e talvez até os mais engajados.
Como vamos julgar os atos destes clérigos que se envolvem em escândalos, se não sabemos o que acontece na cabeça de alguém que tem de lutar, a todo instante da vida, contra seus instintos naturais de amor e desejo? A meu ver, qualquer tipo de loucura pode sair daí.
Sei que é presunçoso da minha parte dar opinião em um tópico de tanta magnitude. Mas também sinto que é minha obrigação, como católica inclusive, mas, principalmente, como cidadã, de chamar a atenção para a barbaridade que acontece diante de nossos olhos.
Por que exatamente que ser padre deva significar privar-se do acontecimento mais bonito que um ser humano pode vivenciar: o de se apaixonar?
Até por uma questão de conhecimento, acho difícil uma pessoa que, teoricamente, nunca teve uma relação amorosa duradoura e estável, dar conselhos para tantas famílias que na Igreja se reúnem.
Não existe amor mais puro que o de um pai para um filho e logo aqueles homens e mulheres que resolveram dedicar sua vida para divulgar o amor, não podem vivenciá-lo.
Já se acabou o tempo (ou ao menos deveria) no qual a Igreja Católica focava em seus bens materiais e precisava do celibato como uma maneira de não passá-los a ninguém.
Se ser casado tiraria parte da atenção dos padres da Igreja, comprometer-se ao celibato não só a tira também como os leva para caminhos de culpa, distúrbios e punições.
Obviamente os pedófilos tão comentados atualmente sofrem de problemas psicológicos sérios e devem ser tratados. Assim como muitos que não optaram pela batina.

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